Janeiro Roxo: membros do ICEPi promovem conscientização sobre hanseníase

25/01/2022 10h16 - Atualizado em 25/01/2022 10h21

O começo do ano é marcado pela campanha conhecida como Janeiro Roxo, que tem como objetivo a conscientização da população a respeito da hanseníase, uma doença antiga e que ainda se faz presente. Por isso, membros do Programa Estadual de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (Qualifica-APS), do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), desenvolvem ações que marcam o mês.

Segundo a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), no Brasil, são diagnosticados cerca de 30 mil novos pacientes a cada ano, ficando apenas atrás da Índia. Entre os anos 2015 e 2019, foram diagnosticados 137.385 novos casos de hanseníase. No Espírito Santo, 296 novos casos da doença foram diagnosticados em 2021, segundo os dados do e-SUS VS. Já em 2020, foram 319 casos novos.

“A hanseníase é uma doença causada por um microorganismo que é transmitido pelo ar, ao convivermos com alguém que está com a doença e sem tratamento. Esse convívio deve ser diário e de longa data”, explicou o médico de Família e Comunidade e docente assistencial do Qualifica-APS, Marcelo Geik.

Pensando nisso, o ICEPi está promovendo com os municípios capixabas ações que incluem a capacitação para o serviço dos profissionais de saúde, ao longo de todo o mês de janeiro. “Essa capacitação é uma oportunidade de treinarmos nossas equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS), não apenas para um momento específico no mês de janeiro, mas também para refletir sobre as melhorias nos atendimentos para os meses seguintes”, completou Geik.

Na Grande Vitória, onde o médico atua, as equipes estão participando de oficinas e estudos sobre a hanseníase. “No final do mês, cada docente vai estimular seus grupos a fazerem uma ação em alguma comunidade para diagnóstico de pacientes. Isso consolidará o aprendizado prático desses médicos, que depois atuarão no seu dia a dia de atendimento, diagnosticando, tratando e replicando o conhecimento para demais profissionais de suas equipes”, acrescentou o médico.

Nesta quarta-feira (26), os profissionais da Unidade Básica de Saúde do bairro São Francisco, em Cariacica, vão abordar o tema com os pacientes que estiverem no local.

Capacitação

Em setembro de 2021, alguns médicos e enfermeiros docentes do ICEPi visitaram o Instituto Lauro de Souza Lima, em Bauru, São Paulo, que é uma referência mundial na hanseníase, para um aprofundamento na capacitação. “Foi uma semana de imersão no tema, que nos despertou um olhar mais apurado para o problema e nos qualificou para esse movimento de replicação que está ocorrendo agora”, informou Marcelo Geik.

A doença

Segundo o médico, a hanseníase pode manifestar manchas na pele que perdem a sensibilidade e, em formas avançadas, queda dos pelos de sobrancelhas. Pode afetar os olhos, gerar caroços pelo corpo e deformidades no rosto, nas orelhas, nas mãos e nos pés.

Além disso, de acordo com a dentista e docente do Qualifica-APS, Elisa Prezotto Giordani, a doença tem várias manifestações orais, como lesões nas mucosas e que podem afetar a arcada dentária, provocando até a queda de dentes. As manchas também podem aparecer na boca.

O combate à hanseníase consiste, principalmente, na identificação e tratamento dos acometidos para quebrar a transmissão e a propagação da doença. Marcelo Geik orientou que o paciente deve ser acompanhado mensalmente na Unidade Básica de Saúde.

“O Brasil e o Espírito Santo ainda apresentam um grande desafio no enfrentamento à doença. Temos casos sendo diagnosticados tardiamente, quando já há algum comprometimento neural ou incapacidade. Também alguns casos de crianças sendo diagnosticadas com essas lesões avançadas. Isso ocorre quando muitas pessoas dentro do mesmo domicílio estão altamente transmissoras, ou seja, não foram diagnosticadas e tratadas. Assim, é importantíssimo pensarmos em promover melhor oportunidade de informação, diagnóstico e tratamento à população”, ressaltou Geik.

Informações à Imprensa:

Coordenadoria de Comunicação em Saúde – Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi)
Gabriel Torobay / Mayra Scarpi