O Hospital Estadual São José do Calçado (HESJC) completa 114 anos, neste mês de setembro. Localizado no município de São José do Calçado, na região sul, e gerido pela Secretaria da Saúde (Sesa), o hospital é referência em atendimento de urgência e emergência (24 horas), cirurgia eletiva geral e ortopédica, ginecologia, urologia e vascular.

Atualmente, o HESJC conta com 89 leitos, sendo 20 de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), e os demais, subdivididos em clínicas médicas (I e II), clínica cirúrgica, obstétrica e pediátrica. Conta ainda com atendimentos ambulatoriais nas seguintes especialidades: bucomaxilo, cirurgia geral, cirurgia plástica, endocrinologia, gastroenterologia, ginecologia, obstetrícia, ortopedia, otorrinolaringologia, pediatria, proctologia, urologia, hematologia, neurologia, nefrologia e cirurgia vascular.

O hospital se tornou referência em atendimento a gestantes de risco habitual, tanto para o município de São José do Calçado, quanto para os municípios de Apiacá e Bom Jesus do Norte. Para isso, a unidade dispõe de uma equipe de obstetras e pediatras disponíveis 24 horas por dia. Outro ganho positivo é que, dentro de sua capacidade instalada, o HESJC ampliou o ambulatório com cirurgias de ligamentos de joelho e passou a contar, também, com um ambulatório de dor crônica.

Para celebrar o aniversário do HESJC, foram promovidas duas agendas alusivas aos 114 anos do hospital: o evento da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), na última quinta-feira (12), e uma celebração ecumênica na sexta-feira (13).

Atendimentos e melhorias

Somente de janeiro a agosto deste ano, o Hospital Estadual São José do Calçado realizou 23.277 atendimentos no Pronto-Socorro e 1.891 procedimentos cirúrgicos. Também, nesse período, somou 8.415 atendimentos ambulatoriais, 12.618 atendimentos na observação de 24 horas, 104.801 exames laboratoriais, 697 exames de ultrassonografia externa (urgência), 1.799 exames de raio-x interno e 5.401 de raio-x externo.

Além disso, foram efetuadas diversas melhorias, como reforma da central de material e esterilização; aquisição de camas elétricas para todos os leitos de UTIs, bem como colchões pneumáticos para prevenção de escaras; revisão do gerador e subestação de energia elétrica; reestruturação do banco de sangue (agência transfusional), que agora dispõe de uma equipe coordenada por uma médica hematologista e uma enfermeira responsável técnica; e a instalação de duas torres de aparelho de videolaparoscopia, utilizadas em cirurgias por vídeos.

“A administração hospitalar, atualmente, precisa ter um olhar criterioso no gerenciamento dos processos, criando boas estruturas organizacionais e envolvendo toda a equipe para alcançar os resultados adequados de forma eficiente, sempre com foco no bem-estar dos pacientes. Portanto, essa organização hospitalar exige comprometimento, além de investimentos constantes em treinamento, segurança e tecnologia”, salientou o diretor do Hospital São José do Calçado, Leônidas Vieira.

TeleUTI Conectada

Outro avanço importante é a participação do Hospital São José do Calçado no projeto TeleUTI Conectada, do Ministério da Saúde (MS). Por meio dessa iniciativa, dez leitos de uma das UTIs do HESJC estão conectados, via internet, a uma equipe multidisciplinar da Universidade de São Paulo (USP), que, em conjunto com a equipe do hospital, avalia a linha de cuidado no diagnóstico e tratamento dos pacientes.

A execução desse projeto inclui capacitações síncronas e assíncronas pela internet, além de telerounds diários (discussão dos casos, em tempo real, com os médicos da USP), com a participação de toda a equipe multidisciplinar, por meio da plataforma digital. Com isso, o HESJC tem obtido resultados importantes, como a uniformização do conhecimento entre todos os profissionais envolvidos no cuidado dos pacientes na terapia intensiva, melhorias no tempo e uso de medicamentos para sedação, resultando em melhores desfechos para pacientes críticos, além de uma melhora significativa na abordagem respiratória de pacientes obesos.

“A participação no projeto TeleUTI Conectada tem contribuído significativamente para a melhoria dos cuidados prestados aos nossos pacientes na UTI. A combinação de capacitações teóricas e práticas, aliada ao uso de tecnologias inovadoras, permitiu um avanço tanto no conhecimento técnico quanto na motivação dos profissionais”, frisou a diretora técnica do hospital, Luiza Assed.

Mudanças positivas nos fluxos assistenciais

A Secretaria da Saúde (Sesa), por meio do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), vem implementando no Hospital Estadual São José do Calçado uma série de mudanças positivas no processo de organização de seus fluxos assistenciais.

A unidade é contemplada com quatro projetos do Programa de Gestão do Acesso e da Qualidade da Assistência nas Redes de Atenção à Saúde (PGAQ), do ICEPi: Núcleo Interno de Regulação (NIR), Escritório de Gestão de Altas (EGA), Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP) e Projeto de Qualificação em Processos do Centro Cirúrgico (Centro Cirúrgico 2.0).

O NIR atua nos processos de regulação do leito para o acesso do paciente. O EGA é voltado para os processos de alta e desospitalização para uma oportuna e adequada transição do cuidado hospitalar para o cuidado domiciliar. O NQSP aprimora os serviços dos hospitais estaduais, por meio da implementação da gestão de processos, riscos e ocorrências.

A partir das ações do NIR e do EGA, por exemplo, o Hospital São José do Calçado obteve alguns avanços importantes na gestão dos leitos, bem como na qualidade dos serviços ofertados. O giro de leitos, que indica quantos pacientes passaram em cada um dos leitos operacionais disponíveis, mais que dobrou de valor: de 2,1 em janeiro de 2021 para 4,3 em agosto deste ano.

Além disso, houve redução no Tempo Médio de Permanência (que é medido em dias e corresponde ao tempo de internação necessário para o tratamento do paciente), saindo de 9,4 dias em janeiro de 2021 para 5,4 dias em agosto de 2024. A redução desse tempo evidencia maior efetividade no serviço.

Outra queda significativa registrada pelo HESJC está relacionada à redução da taxa de reservas rejeitadas, que saiu de 63% de rejeição em janeiro de 2021 para 0% no último mês de agosto. A taxa de reservas rejeitadas indica o percentual de solicitações de internação feitas pelo Núcleo Especial de Regulação de Internação (NERI), da Sesa, que foram recusadas pelo hospital. “Essa redução progressiva e sustentada no indicador é uma evidência das melhores práticas na regulação, garantindo que pacientes estejam no lugar certo, recebendo o recurso certo”, ressaltou a coordenadora de projetos do PGAQ, Karla Orsi.

Centro Cirúrgico 2.0

O Centro Cirúrgico 2.0 visa a qualificar as unidades do centro cirúrgico dos hospitais da rede própria estadual e áreas de interface de forma sistematizada. Criado em junho de 2024, o projeto iniciou as atividades no Hospital São José do Calçado. Por meio de ferramentas inovadoras de gestão, o Centro Cirúrgico 2.0 melhora a eficiência, segurança e qualidade dos serviços prestados, promovendo impacto positivo para o aumento da capacidade de atendimento, e reduzindo cancelamentos de procedimentos, além de evitar desperdícios de recursos e garantir melhores resultados para os pacientes.

Em um prazo estimado de 18 meses para a conclusão, o projeto contempla quatro etapas: diagnóstico e planejamento, implementação, consolidação e transição. Neste momento, a equipe do projeto conclui a fase inicial de diagnóstico e planejamento, por meio da qual foram identificadas melhorias para o HESJC, como a aquisição de três focos cirúrgicos de teto e a autorização para reestruturação física com garantia de conformidade regulatória.

Esta fase também inclui a construção do Mapeamento de Fluxo de Valor (VSM), que elimina desperdícios e otimiza o fluxo de atendimento do paciente cirúrgico, e a implementação do Bate-mapa, que mantém o controle dos procedimentos cirúrgicos diários e garante que todos os processos estejam alinhados com os padrões estabelecidos. Após uma reunião prevista para este mês, o projeto passará para a etapa de implementação das ações planejadas.

“Implementar e manter processos de qualificação rigorosos no centro cirúrgico não só melhora a segurança e a eficácia, mas também contribui para a satisfação dos pacientes e a eficiência operacional. A chave é a melhoria contínua e a adaptação às melhores práticas e novas evidências. Esses processos garantem que todos os aspectos do ambiente cirúrgico, desde a preparação até o pós-operatório, estejam em conformidade com os padrões de qualidade e segurança”, destacou a coordenadora do Centro Cirúrgico 2.0, Luciene Rocha.

História

Fundado em setembro de 1910, o Hospital Estadual São José do Calçado é resultado da antiga Associação Beneficente Calçadense, obra assistencial de caráter filantrópico e criada por um grupo de calçadenses, tendo à frente Romão Baptista e Horácio Filgueiras. A associação funcionou regularmente até 1936, quando foi obrigada a fechar as portas devido às dificuldades da época. Foi reorganizada em fevereiro de 1946.

Em 1965, o prédio atual da unidade já se encontrava edificado. Em 1970, por deliberação unânime da diretoria, o hospital foi doado à Fundação Hospitalar do Espírito Santo e, em 1980, passou a ser do Instituto Estadual de Saúde Pública (IESP), órgão do Governo Estadual. Com a extinção do IESP em 2007, a administração da unidade passou a ser de responsabilidade direta da Secretaria da Saúde (Sesa).

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