Atuação de equipe liderada por médico do Qualifica-APS auxilia na recuperação de jovem com deficiência
Enfrentar desafios se torna menos doloroso com uma rede de apoio. Após descobrir um tumor no joelho esquerdo, ainda aos 19 anos, a vida de Marcos Vitor mudou completamente. Hoje, aos 26 anos, conviver com as sequelas se tornou menos complicado, segundo ele, graças ao apoio recebido da equipe multidisciplinar da Unidade de Saúde de Anchieta, liderada pelo médico de Família e Comunidade do Componente de Provimento, do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), Breno Carvalho.
O Provimento integra o Programa Estadual de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (Qualifica-APS), do ICEPi, que tem como objetivo promover a cooperação entre o Estado e os municípios para a formação de profissionais na Atenção Primária.
Apesar de ter sido um tumor benigno, as complicações fizeram com que a perna de Marcos Vitor fosse amputada e ocasionaram também a perda de um dos seus rins. Além disso, após as intervenções, ele precisou tomar medicações muito fortes, o que resultou na perda da audição bilateral, corrigida em parte, atualmente, com um implante coclear.
Segundo o estudante, o processo de aceitação da condição atual dele tem sido muito menos complicado, devido ao acompanhamento que recebe da equipe multidisciplinar, que o incentivou a começar a treinar para participar de campeonatos de corrida. “Tento não mudar de casa, exatamente para não mudar a equipe que me atende, porque eles são muito bons e mudaram minha história”, contou o jovem. Em dezembro, o estudante participou da primeira competição e conseguiu completar a prova como cadeirante.
A importância de uma equipe multidisciplinar
Além do médico de Família e Comunidade Breno Carvalho, que também é preceptor da residência médica de Família e Comunidade do ICEPi, a equipe multidisciplinar que o acompanha é composta por uma enfermeira da Equipe de Saúde da Família, uma assistente social, uma nutricionista, uma psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e uma fisioterapeuta do Centro de Especialidades.
Os profissionais também firmaram uma parceria com um estúdio de academia de treino paradesportivo no próprio município de Anchieta, para que Marcos Vitor pratique exercícios que o auxiliem na corrida. Um profissional da Educação Física também se voluntariou e está treinando o estudante para se tornar um atleta paralímpico.
Segundo Breno Carvalho, a Atenção Primária recebe todos os tipos de demandas e, a partir desse primeiro atendimento, é determinado como seguir com cada paciente. No caso do Marcos Vitor, a primeira ação foi convocar a equipe multiprofissional da unidade.
“Quando o Marcos chegou aqui, ele estava bem acima do peso, desmotivado, e nem olhava no nosso olho. Estava beirando a depressão e querendo desistir de tudo. Então, ali, percebi que ele precisava de uma atenção a mais e chamei essa equipe para ajudar também. A partir daí, começamos a fazer algumas consultas individuais e em conjunto”, explicou o médico Breno Carvalho.
Desde então, o jovem faz parte de um Plano Terapêutico Singular (PTS), que tem o objetivo de identificar as principais necessidades do paciente envolvido, suas fragilidades e potencialidades. Nesse contexto, os profissionais conseguem construir propostas terapêuticas entre a equipe, o paciente e a família.
“Os exames clínicos e o quadro de diabetes seguem estáveis e em acompanhamento pela equipe de saúde da família. Além disso, o estudante perdeu bastante peso, ganhou agilidade, melhorou a qualidade de vida, a autoestima, o engajamento nos projetos a longo prazo e ainda se matriculou em um curso tecnólogo”, explicou a fisioterapeuta Paula Torrezani Sales.
O início na corrida
Em 2022, Marcos Vitor contou que recebeu o primeiro convite para participar de uma corrida com cadeira de rodas, mas ainda não tinha certeza se seria capaz. Em dezembro de 2023, no entanto, o rapaz vestiu a roupa de correr e participou da corrida “Dani-se, Vou Correr”, em Itaparica, Vila Velha.
“Dessa vez, eu quis ir e provar para mim mesmo que eu consigo me superar e fazer muita coisa, apesar dos obstáculos. Em princípio, eu iria completar toda a corrida sozinho (com as mãos, na cadeira de rodas), mas a cadeira quebrou e a roda saiu. Com isso, meu treinador decidiu revezar comigo até o final. Toda vez que eu cansava, ele empurrava a cadeira até eu me recuperar”, contou o estudante.
Histórias como a de Marcos Vitor são inspiradoras e mostram que, com o suporte adequado, é possível reescrever trajetórias de vida. O ICEPi, por meio do médico Breno Carvalho, desempenhou um papel crucial no processo de aceitação e recuperação do estudante, partindo do entendimento de que ele precisava muito mais que apenas de um olhar clínico.
A jornada do jovem, desde o diagnóstico do tumor até a participação bem-sucedida na corrida, destaca a importância da atenção primária e de parcerias locais no cuidado integral aos pacientes. Após todas as mudanças na vida de Marcos Vitor, ele não apenas se tornou um atleta paralímpico em formação, mas também encontrou uma nova perspectiva de vida.
Informações à Imprensa:
Coordenadoria de Comunicação em Saúde – Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi)
Caroline Pignaton / Mayra Scarpi / Amanda Drumond
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