Técnicos da Organização Mundial da Saúde conhecem resultados do projeto Viana Vacinada
Durante reunião on-line realizada, nessa quinta-feira (10), técnicos da Organização Mundial da Saúde (OMS) conheceram os resultados do projeto Viana Vacinada – pesquisa que testou, na população adulta da cidade de Viana, a efetividade do uso de meia dose da vacina da AstraZeneca/Fiocruz contra a Covid-19.
A reunião contou com mais de 30 participantes, entre eles, a assessora Regional em Novas Vacinas para a OPAS/OMS na sede em Washington (EUA), Lucia Helena de Oliveira; a representante da OPAS no Brasil, Socorro Gross Galiano; a coordenadora da OPAS e pesquisadora, Lely Guzman; o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, além dos pesquisadores da Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), entre eles, a coordenadora do estudo e gerente de Atenção à Saúde, Valéria Valim; o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin; o diretor do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde, Fabiano Ribeiro; o prefeito de Viana, Wanderson Bueno, e a secretária municipal de Saúde, Jaqueline Jubini.
A coordenadora do estudo, Valéria Valim, iniciou a apresentação dos gráficos. Conforme os testes em voluntários, a meia dose foi capaz de induzir a produção de anticorpos neutralizantes em 99,8% dos participantes, resultado semelhante ao alcançado no esquema com dose padrão.
Em pré-imunes, ou seja, pessoas que já tiveram a doença ou foram vacinadas anteriormente, uma meia dose foi suficiente para induzir altos títulos de anticorpos neutralizantes. “Isso mostra que a meia dose pode ser usada para reforço no esquema vacinal”, informou.
Um dado que impressiona é que no grupo dos que não tiveram Covid e nem haviam se vacinado antes, a meia dose foi capaz de induzir resposta mais robusta de biomarcadores de imunização (quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento) que a prescrição na bula do produto da AstraZeneca. Nos pré-imunes, a produção desses marcadores foi semelhante nos dois grupos. Outra conclusão foi a de que a duração dos eventos adversos foi menor na meia dose que na cheia. Em geral, foram leves e em proporção de pessoas semelhante à da prescrição de fábrica.
Olindo Assis Martins Filho, pesquisador da Fiocruz que participa do estudo, destacou os resultados de biomarcadores e imunidade celular sobre a meia dose e também sobre a dose padrão. Ao final da apresentação, seguiu-se a fase de questionamentos para esclarecimentos de dúvidas.
A equipe de pesquisadores do projeto Viana Vacinada concluiu o roteiro de apresentações para órgãos governamentais e especialistas sobre os avanços do estudo. Em janeiro, as conclusões foram mostradas para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), especialistas e formadores de opinião, a Câmara Técnica de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"A receptividade das instituições tem sido muito boa, não só pelo dado em si (a possibilidade de usar metade da dose da AstraZeneca), mas pela robustez dos resultados. Foi um estudo não só de efetividade, mas com análises de biomarcadores, de resposta humoral e celular. Não só medimos o tamanho da proteção, mas medimos os anticorpos, estudamos as células de defesa. Isso dá uma segurança para a qualidade técnica dos resultados", destacou a coordenadora Valéria Valim.
A partir da apresentação feita nessa quinta-feira, será encaminhado à OMS o relatório completo da pesquisa para análise. De agora em diante, de acordo com a coordenadora do estudo, a equipe do Viana Vacinada terá representante nas reuniões técnicas regulares da OMS sobre o tema.
“Somos muito gratos pela parceria com relevantes instituições na realização desse estudo. Parabenizamos todo o time de pesquisadores, ao município de Viana, ao Ministério da Saúde, todos que se mobilizaram na construção desse estudo que pode ter relevância sanitária internacional para enfrentamento à pandemia da Covid-19”, afirmou o secretário da Saúde, Nésio Fernandes.
“Temos a felicidade de ter sediado este estudo, em que mais de 20 mil pessoas participaram e não registramos nenhum óbito. Viana abriu as portas, de forma solidária, para o avanço científico mundial”, disse o prefeito de Viana, Wanderson Bueno. “Nós estamos fazendo história para a condução da pandemia daqui pra frente, quando os resultados deste estudo vão ganhar as páginas de revistas científicas, e por meio do qual países poderão mudar todo o seu esquema vacinal em combate à pandemia. Agradeço a população de Viana pela brilhante participação no projeto e que, de forma voluntária, nos ajuda a chegar a estes resultados”, completou.
Vacinação
A vacinação com meia dose em Viana aconteceu no dia 13 de junho e alcançou 20.685 participantes, entre 18 e 49 anos. A segunda etapa de imunização foi no dia 8 de agosto. Do total de vacinados, 558 foram selecionados para serem monitorados com coleta de amostras sanguíneas para avaliação de respostas imune humoral (produção de anticorpos neutralizantes) e celular. Em 16 de janeiro, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) autorizou a dose de reforço nos voluntários do estudo.
O projeto Viana Vacinada é coordenado pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), que faz parte da rede Ebserh de hospitais federais, em parceria com a Fiocruz, patrocinado pelo ICEPi, da Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa), com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), do Ministério da Saúde e da Prefeitura Municipal de Viana.
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